divisoria Núcleo de Espeleologia de Condeixa

Sistema Várzea-Dueça


O Sistema Várzea-Dueça está localizado no extremo Oeste da Serra de Sicó, no Concelho de Penela. Desta rede subterrânea prevê-se fazerem parte a Gruta da Nascente do Algarinho, o Algar da Várzea e o Soprador do Carvalho, contando como surgência principal a Nascente do Rio Dueça. As entradas das cavidades situam-se junto às povoações de Taliscas, Ferrarias e Chão de Ourique.

A exploração deste sistema subterrâneo foi iniciada nos finais de 1994, com a desobstrução do Soprador do Carvalho, cavidade popularizada pelo nome de Gruta Talismã. Nesta época, o Grupo de Arqueologia e Espeleologia de Pombal (GAEP) era a associação mais activa na zona, tendo estimado o desenvolvimento total da gruta em mais de 4000 m, sem nunca porém ter sido apresentada nenhuma topografia da gruta. Para além do GAEP foram inúmeros os grupos que participaram nas várias campanhas de exploração.
Infelizmente, desavenças entre alguns grupos fizeram com que os trabalhos decorrentes de exploração terminassem prematuramente, tendo o GAEP fechado ilegalmente a entrada da gruta. Os trabalhos continuariam parados nos anos seguintes...

A procura de outra entrada que nos conduzisse à gruta do Soprador do Carvalho levou-nos, em Abril de 1998 à desobstrução da entrada da Gruta da Nascente do Algarinho. A exploração desta cavidade, actualmente com 2253 m topografados, esteve a cargo de um colectivo de espeleólogos dos quais fazem parte, para além do NEC, o Centro de Investigação e Exploração Subterrânea (CIES), o Grupo Protecção Sicó (GPS), a Sociedade dos Amigos das Grutas e dos Algares (SAGA) e a Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia (STEA). Esta gruta desenvolve-se essencialmente ao longo do leito de um rio subterrâneo de circulação hídrica temporária. No final desta grandiosa galeria, com quase 2000 m de desenvolvimento, apresenta-se um sifão com aparentemente reduzidas dimensões, mas de exploração aquática técnicamente muito difícil devido às areias depositadas. A exploração do Algarinho contou ainda com o apoio de alguns grupos estrangeiros, nomeadamente Asturianos (CADE) e franceses, tanto nalgumas escaladas como no mergulho do sifão terminal.

No verão de 1999 foi efectuado um mergulho subterrâneo no mítico sifão do Algar da Várzea. Os dois mergulhadores da SAGA apoiados por espeleólogos do NEP e do GPS, percorreram cerca de 150 m de galerias ao longo de três sifões consecutivos. No final do mês de Outubro, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Espeleologia (SPE), o colectivo CIES, GPS, NEC, SAGA, STEA, efectuou a bombagem dos três sifões e exploraram quase 500 m de galeria que culminava num novo sifão. O terminus da Várzea encontra-se a menos de 700 m em linha recta do terminus do Algarinho. Este novo sifão foi sucessivamente mergulhado por Ricardo Rodrigo da STEA e João Neves da SAGA, mas infelizmente a continuação da exploração está longe de ser fácil devido às altas concentrações de CO2 nas galerias aéreas seguintes e à fraca visibilidade na água. O algar da Várzea conta actualmente com 428m topografados.

No início do verão de 1999, e como prometido publicamente pelo Presidente da Câmara Municipal de Penela, contavamos reiniciar as explorações no Soprador do Carvalho, apoiados por um regulamento municipal de exploração das grutas de Penela.
Infelizmente, e por motivos a que o NEC é completamente alheio, esse regulamento nunca passou das intenções, tendo-nos sido vedado o acesso à gruta de Talismã, continuando assim encerrada a maior rede subterrânea da região.

Mais de estranhar é o facto de a gruta ter recebido, durante o verão de 2001, visitas turísticas organizadas pela Câmara Municipal de Penela, quando a gruta ainda não foi estudada, nem sequer topografada, tão pouco desconhecendo-se o seu final. Este facto foi denunciado nos jornais da região.

Se um dia se concretizar a ligação física entre todas estas cavidades, o Sistema Várzea-Dueça será um dos maiores sistemas espeleológicos do país, podendo mesmo ultrapassar largamente uma dezena de quilómetros. Obviamente, todos os objectivos só serão conseguidos com um extraordinário trabalho de equipa, no qual o NEC não prescinde de intervir.

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