divisoria Núcleo de Espeleologia de Condeixa

Picos de Europa '98

   

Expedição Castil-Tortorios 1998

Vale nos Picos de EuropaÀ semelhança do ano anterior realizou-se mais um campo de trabalho no Maciço Central dos Picos de Europa, organizada por espeleólogos asturianos (CADE), cantábricos (SEL, GELL) e bascos. Esta expedição realizou-se entre os dias 3 e 26 do mês de Agosto de 1998 e o objectivo deste ano era a continuação da exploração de algumas cavidades já descobertas nas expedições dos anos anteriores. Como trabalhos principais são de destacar o mergulho subterrâneo no sifão terminal da Torca Castil (PC-15) a -1019m de profundidade, a exploração de poços na Torca de la Peña Carbonal (CT-1) a -400m de profundidade, bem como a continuação de trabalho de prospecção em várias zonas do Maciço Central.

A convite do Grupo de Espeleologia Gorfolí, membros do Colectivo Asturiano de Espeleólogos (CADE), foi-nos possível participar pela primeira vez nesta expedição e tomar contacto com as várias técnicas utilizadas, bem como observar toda a estrutura organizativa duma expedição desta dimensão. Para além disso, podemos visitar os Picos da Europa, conhecer outras culturas e fazer bons amigos com gostos comuns, a espeleologia e o montanhismo. Nesta expedição foram ainda convidados a participar espeleólogos franceses e espeleólogos de outras regiões espanholas, num total de 30 espeleólogos. O NEC participou com uma equipa de seis elementos durante dez dias, de 14 a 23 de Agosto.
A viagem para as Asturias foi feita na noite do dia 13 de Agosto numa "velha" carrinha Peugeot 504 gentilmente emprestada por um familiar. São cerca de 700km de Condeixa até à cidade de Avilés, por estradas muito seguras e passando por cidades como Salamanca, Zamora, Benavente, Leon e Oviedo, a capital asturiana. O primeiro dia foi aproveitado para fazer algumas compras de material de espeleologia e montanha. Na manha do dia 14 seguimos rumo aos Picos aproveitando ainda para rever Cangas de Onís, Arenas de Cabrales e Sotres.

A equipa do NECO campo base situa-se a 2000m de altitude próximo do Cabezo Tortorios. Todo o material colectivo (tendas de campanha, comida, medicamentos, material de espelologia colectivo, duches portáteis, garrafões, computadores, painéis solares, ...) é transportado de helicóptero no início do mês de Agosto e guardado numa gruta próxima. O material individual (tenda, saco-cama, roupa, material de espeleo individual, artigos de higiene, ...) tem que ser transportado por cada participante. Os automóveis são deixados no Colado de Pandebano, no Parque Natural dos Picos da Europa. A partir daqui há que colocar as mochilas às costas e preparar o corpo para uma longa marcha até ao acampamento. São mais de 1000m de desnível e perto de três horas sempre a subir.

Um dos trabalhos principais desta expedição foi o mergulho no sifão terminal da Torca Castil a -1019m de profundidade. Este algar, o PC-15 (Peña Castil 15), foi explorado até esta cota na expedição do ano anterior sendo o quarto "-1000" dos Picos da Europa. Para além do mergulho subterrâneo efectuaram-se explorações nalgumas janelas dos poços a -700m, chaminés próximas dos -1000m e procedeu-se à coloração da água do mesmo sifão com fluoresceína para identificar possíveis surgências.

As equipas de exploração eram constituídas por dois ou três elementos e muitas vezes recorriam ao bivaque previamente instalado a -900m. A exigência técnica e física duma cavidade deste género é muito elevada, podendo a subida integral do algar demorar entre oito e doze horas. A equipa de exploração Del Rio / Javier, ambos asturianos e membros do Ensame Aguaron - G.E. Gorfolí, ficaram encarregues do mergulho. Javier, também ele um dos coordenadores da expedição, efectuou o mergulho em solitário de um sifão com 9m de profundidade e 100m de comprimento. De seguida, apresentou-se uma galeria muito ampla e logo depois um novo sifão. Pensam tratar-se do colector de toda aquela zona. No próximo ano poderá efectuar-se uma grande campanha de mergulho para explorar o novo sifão do PC-15, agora com -1028m de profundidade.

Paralelamente aos trabalhos no PC-15 efectuaram-se explorações na Torca de la Peña Carbonal (topo), ou CT-1 (Cabezo Tortorios 1). Na campanha do ano passado as explorações pararam perto dos -400m e este ano foram exploradas novas vias, mas infelizmente terminavam todas muito próximas dessa cota. Apesar de ser um algar de menor profundidade é também muito exigente, pois tem várias escaladas a -200m que dificultam a progressão. Numa próxima campanha terá novamente que ser instalado para confirmar e explorar algumas galerias.

Dos trabalhos de prospecção são de destacar a exploração do algar M-20 na zona das Moñas e algumas desobstruções em Tortorios. Houve ainda oportunidade de topografar e explorar de novo o algar C7-5-6.

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