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Nascido em França na segunda metade do séc.
XIX (1859 - 1938), Edouard Alfred Martel é considerado o
pai da espeleologia. Desde tenra idade que se apaixona pelo mundo subterrâneo,
tendo efectuado as suas maiores explorações em 1888, no
maciço central francês. Em 1895 fundou a Sociedade de Espeleologia
Francesa, a primeira associação de carácter espeleológico
em França e no mundo. Foi o verdadeiro fundador da espeleologia
física.
Outro grande nome da espeleologia é o romeno Emile Georges Racovitza
(1868 - 1947), que realizou os seus estudos em França. Juntamente
com o seu discípulo e colaborador René-Jeannel (1879
- 1965), são considerados os fundadores da bioespeleologia, ciência
que estuda a vida nas cavernas.
No entanto a espeleologia não podia progredir sem o contributo
de outras ciências. As dificuldades inerentes à exploração
das grutas, bem como a subida e descida de poços de grandes dimensões,
exigiam técnicas e materiais específicos. Robert de Joly
(?), discípulo e seguidor de Martel, foi o primeiro a inventar
e a aperfeiçoar radicalmente o material de exploração
espeleológica. Os seus sistemas de iluminação, aparelhos
de subida e descida e inclusivé o seu traje, foram copiados e imitados
no mundo inteiro. É considerado o pai da espeleologia desportiva.
A Espeleologia em Portugal |
Os primeiros registos da actividade espeleológica
no nosso país datam de 1758, ano em que o Padre Manuel Dias descreveu
a exsurgência dos Olhos de Água. Em 1854 foram publicados
os escritos das escavações em grutas da região de
Condeixa, da autoria de Costa Simões e em 1872 foi publicado, no
Diário Ilustrado nº 127, a descrição de uma
visita à Gruta das Alcobertas, da autoria de B. Soveral. A realização
em Lisboa do IX Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia
Pré-Histórica, em Setembro de 1880, incluiu uma visita às
grutas do Poço Velho em Cascais, importante necrópole neolítica,
o que contribuiu decisivamente para o nosso reconhecimento no estrangeiro.
Desde essa data até aos finais do século XIX, Portugal acompanhou
a evolução europeia nestes domínios, publicando e
apresentando em congressos internacionais diversos trabalhos sobre grutas
nacionais. Os investigadores estrangeiros não ficaram indiferentes
a este caudal de informação e antes do virar do século
começaram a trabalhar nas nossas grutas, quer na área da
antropologia quer na da biologia e hidrogeologia. Entre estes salienta-se
P. Choffat que em 1891 iniciou a sua actividade em Portugal, cujos trabalhos
se revestem de grande importância para o conhecimento geológico
do país.
No princípio deste século renovam-se as visitas de cientistas
estrangeiros (W. Brindley, G. Eugenaud e E. Harlé), mas foi apenas
nos anos vinte que estudiosos mais distintos nos visitaram, como H. Breuil,
R. Jeannel, E. Racovitza e E. Fleury. Este último
publicou em 1923, o livro "Portugal Subterrâneo" e devido
ao seu contributo nos campos da geologia e geoespeleologia nacionais pode
ser considerado o pai da espeleologia em Portugal.
Na década de trinta verificou-se uma retoma dos portugueses aos
trabalhos nas áreas da arqueologia e biologia. Na década
de quarenta aparecem os primeiros espeleólogos, os quais começam
como auxiliares e colaboradores das expedições científicas
e que posteriormente se agrupam, tornando-se assim autónomos. Ainda
nos anos quarenta surgiu o primeiro inventário de cavidades portuguesas,
publicado na revista científica e literária de Coimbra "O
Instituto" (1945); em 1948 é criado o primeiro clube de espeleologia
e publicado um verdadeiro inventário das cavernas calcárias
de Portugal, da autoria de Bernardino e António B. Machado. A.
F. Martins em 1949 publica um estudo global da geografia física
do Maciço Calcário Estremenho. O fim da década de
40 e o princípio da de 50 foram de grande importância para
a espeleologia, com a exploração do complexo Moinhos Velhos
- Pena - Contenda. Em 1957 efectua-se precisamente neste sistema uma expedição
de alunos da Universidade de Londres. Assim, Moinhos Velhos e o seu sistema
mantêm até 1985, o 1º lugar do "ranking" das
cavidades em Portugal. Em 1956 e 1957 foram publicados estudos regionais
sobre a Beira Litoral da autoria de A.F. Soares, L.N. Conde e A.F. Tavares.
Nos anos 60 a espeleologia começou a evoluir fora dos meios universitários
e científicos: foi ainda na década de 60 que se formaram
vários clubes de espeleologia e que surgiram os primeiros cursos
de formação. Na década de 70 a formação
de espeleólogos passou a ter melhor qualidade, começando
espeleólogos portugueses a realizar estágios em França
e os clubes a apostar em cursos de formação. Em 1973 tem
lugar o 1º Encontro Nacional de Espeleologia. Na década de
80 surgiram mais duas publicações de natureza espeleológica:
O Mundo Subterrâneo, da Associação de Espeleólogos
de Sintra (1980) e EspeleoDivulgação, do Núcleo de
Espeleologia da Associação de Estudantes da Universidade
de Aveiro (Junho de 1982). As explorações estrangeiras a
Portugal foram retomadas em 1983, com a realização de uma
expedição francesa à nascente do Alviela. Em 1985
é publicado o livro "Grottes et Algares du Portugal"
de C. Thomas; no mesmo ano o seu trabalho, juntamente com o SAGA - Sociedade
dos Amigos das Grutas e Algares, na gruta do Almonda tornaram esta cavidade
na 1ª do "ranking" nacional. Em Agosto de 1987 realiza-se
mais uma expedição francesa ao nosso país, constituida
por 12 espeleólogos e 8 mergulhadores que exploraram alguns algares
e mergulharam as Nascentes do Alviela e Almonda, chegando na primeira
a 425 metros de distância e atingindo a cota de mergulho de - 60
metros. No ano seguinte, uma outra expedição francesa à
nascente do Alviela, desta feita com uma equipa da Comissão de
Mergulho Subterrâneo da F.F.E.S.S.M., atingiu a cota dos - 78 metros
e topografa 820 metros de galerias.
Em 1990 surgiu mais uma publicação versando o território
continental, o livro de Lúcio Cunha "As Serras Calcárias
de Condeixa - Sicó - Alvaiázere. Estudo de Geomorfologia".
A partir de 1998 os espeleólogos do Núcleo de Espeleologa
de Condeixa começam a participar em explorações de
ponta nas montanhas dos Picos de Europa, em Espanha. Ano após ano
batem sucessivos recordes nacionais de profundidade, tendo em Agosto de
2000 chegado à cota dos -943m de profundidade, recorde absoluto
português.
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