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Expedição
Castil-Tortorios 2001
O Núcleo de Espeleologia de Condeixa participa, desde 1998, nas
Campanhas Castil-Tortorios, expedições de espeleologia ao
Maciço Central dos Picos da Europa. A organização
destas campanhas está a cargo de um colectivo de associações
formado pelo CADE (Colectivo Asturiano de Espeleólogos), pelo GELL
(Grupo Espeleológico La Lastrilla) e pela SEL (Sociedad Espeleológica
Lenar). Este ano a expedição ocorreu entre os dias 29 de
Julho e 25 de Agosto e contou com dois membros do NEC durante os últimos
quinze dias.
Os Picos da Europa são um maciço calcário com um
elevado grau de fracturação, que aliado à alta altitude
e aos elevados caudais de água que se infiltram no solo, proporciona
um grande potencial espeleológico em cavidades verticais. Esta
região conta com várias cavidades com mais de 1000m de profundidade,
perspectivando-se ainda algumas mais. É também uma zona
com uma extraordinária beleza natural, que apaixona e não
deixa ninguém indiferente. Estas condições e as amizades
criadas com espeleólogos espanhóis, franceses, portugueses
e australianos, durante as campanhas, levam-nos a voltar ano após
ano e a viver cerca de quinze dias em perfeita desconexão com o
Mundo.
Este ano os trabalhos de exploração centraram-se
novamente no CT-1, Torca de la Peña Carbonal. Este algar atingia,
até à data, a cota de -946m, com aproximadamente 3000m de
progressão horizontal. Todo o algar foi reequipado, com cerca de
300 pontos de amarração a serem recolocados nos seus lugares
e a suportarem perto de 2000m de cabos. O objectivo principal era "passar
a pente fino" algumas passagens que permaneceram como "pontos
de interrogação" desde a campanha do ano anterior.
Várias equipas de exploração, de dois ou três
elementos cada, se sucederam na revisão de poços e galerias
até ao sifão terminal, a 946m de profundidade. Este sifão,
de pequenas dimensões, foi inclusivamente mergulhado pelo australiano
Alan Warild, mas a galeria posterior encerrava alguns metros mais à
frente, à profundidade de 956m. Após estes trabalhos, a
exploração do CT-1 foi dada como concluída.
A equipa do NEC, composta por Nuno Gomes e Fernando Pinto, participou
na desinstalação do CT-1 desde a cota de -800m até
-600m. Esta última é a cota à qual se encontra instalado
o bivaque que permite o descanso das equipas que entram na cavidade e
que são vítimas de longas e cansativas jornadas.
Paralelamente às actividades no CT-1 foram realizados
outros trabalhos no CT-14, Torca de la Mallada de Fresnedal, um algar
localizado a uma altitude mais baixa que o CT-1 (1815m contra 1950m),
mas que possuía fortes possibilidades de conexão com este,
em profundidade. Esta hipótese foi posta de parte com a evolução
da sua exploração.
Esta cavidade possui estreitos meandros e pequenos poços até
atingir os 200m de profundidade. Passando esta zona "dolorosa",
as galerias e os poços tomam dimensões superiores e o algar
torna-se muito bonito, sempre acompanhado por um rio que forma cascatas
de grande beleza, apesar de um pouco desconfortáveis para a progressão.
A temperatura, que ronda os 5 ºC, aliada à forte humidade,
levam ao desconforto quando à paragens mais longas.
No final da expedição foi atingida a cota de -600m, com
continuação evidente, ficando à espera da próxima
campanha. A exploração da ponta final levou o cunho nacional.
Foram ainda desenvolvidos vários trabalhos de desobstrução,
com principal destaque para o PC-26, um algar com cerca de 50m de profundidade,
que possui um meandro final de progressão impossível. No
entanto, a forte corrente de ar que se faz sentir e a altitude a que se
encontra a sua entrada, elevam o seu potencial e, consequentemente, motivam
a sua desobstrução.
A participação portuguesa nesta campanha
foi, mais uma vez, extremamente positiva. Os espeleólogos do NEC
responderam com garra a todos os desafios propostos e mostraram-se aptos
para as exigências das expedições deste género.
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