divisoria Núcleo de Espeleologia de Condeixa

Picos de Europa 2000

   
Recorde Nacional de profundidade
(-943m)


No passado mês de Agosto, uma equipa de espeleólogos do Núcleo de Espeleologia de Condeixa participou pelo terceiro ano consecutivo na Campanha Castil-Tortorios, no maciço central dos Picos de Europa, em Espanha, onde os espeleólogos Nuno Filipe, e Samuel Ribeiro desceram os -943 metros do poço CT-1, tornando-se assim os primeiros portugueses a descerem a tal profundidade.


A equipa do NEC que bateu o recorde

À semelhança dos dois anos anteriores, o colectivo espeleológico formado pelo CADE (Colectivo Asturiano de Espeleología), GELL (Grupo Espeleológico la Lastrilla) e SEL (Sociedad Espeleológica Lenar), endereçou um convite ao Núcleo de Espeleologia de Condeixa para que participasse uma vez mais na Campanha Castil-Tortorios '2000, que se realizou entre os dias 29 de Julho e 25 de Agosto, no Maciço Central dos Picos da Europa, na província das Asturias. Esta bonita zona classificada como parque natural, alberga uma cordilheira montanhosa onde se situam as principais cavidades verticais de Espanha, entre as quais a Torca del Cerro, a 4ª caverna mais profunda do mundo (-1589 metros). Este ano os objectivos da campanha centraram-se principalmente na continuação da exploração da Torca de la Peña Carbonal (CT-1) e dependendo das possibilidades, equipagem, revisão e escalada a -700 metros do poço CZ-3.

A Torca Carbonal (CT-1) começou a ser explorada no ano de 1993. Em 1998 a cavidade contava já com um desenvolvimento horizontal de 2066 metros e uma profundidade máxima de -433 metros. A sensação final na campanha desse ano foi de incerteza, já que sabíamos que a cavidade seguia, mas não por onde.
Em 1999 pusemos o algar "de pernas para o ar" para ver por onde seguia. Um total de sete equipas tiveram que rever a mesma zona até encontrar a cobiçada passagem (cantante muda) que permitiu a continuação. A cota atingida nesse ano foi de -615 metros, tendo sido interrompido as explorações na cabeceira de um poço de uns 30 metros. O desenvolvimento horizontal até então topografado era de 2526m, mas a gruta contava já com um desenvolvimento de 3000 m.
Este ano instalou-se um bivaque a -600m para permitir que as várias equipas de espeleólogos pudessem parar para descansar e continuar a exploração, já que a actual dimensão da caverna implica explorações longas e extremamente cansativas. Após o poço de cerca de 30m, seguiram-se vários poços, nomeadamente um de -120m especialmente perigoso devido à grande quantidade de blocos soltos. Neste percurso fomos sempre acompanhando e ouvindo o percurso da água e, mais importante, sentindo sempre a circulação de ar, indício da continuação da gruta. O seguimento mais evidente da cavidade levou-nos a um pequeno e miserável sifão (passagem estreita e inundada de água) que nos travou a passagem a -943 m. Cerca de cinco equipas já estiveram neste local e reviram tudo o que puderam. No entanto, há que realizar várias escaladas, nomeadamente a -800 e eventualmente, mergulhar o sifão se não encontrarmos o tão ambicionado passo que nos permitirá continuar a exploração.

Este ano a prestação dos espeleólogos portugueses foi extremamente produtiva. Além da exploração do CT-1 e da cota dos -943m, alcançada pelo Samuel Ribeiro e Nuno Gomes, Fernando Pinto (o terceiro membro da expedição portuguesa) desceu a -400m no poço CZ-3, onde participou na des-equipagem e transporte do material até à superficie. De salientar ainda os trabalhos realizados no poço CT-14, cavidade descoberta este ano, e que foi integralmente equipada, explorada e topografada até aos -140m, pela equipa do NEC.

No final da campanha, o desenvolvimento horizontal topografado do CT-1 é de 3500m, com um desenvolvimento vertical de -943m (topografia). A via principal de acesso aos -943m exige um percurso de cerca de 2500m.
Apesar da equipa do NEC não ter conseguido atingir a mítica marca dos -1000m, a exploração deste ano é um marco na história do NEC e da espeleologia portuguesa. Para o ano queremos voltar a esta grande cavidade, cujo futuro das sua exploração nos deixa cheios de esperança.

clique para aumentar
clique para aumentar
clique para aumentar
clique para aumentar
clique para aumentar
clique para aumentar